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23 junho 2017

Quantas vezes


foto por: www.freepik.com
Quantas vezes você já colocou uma calça mais larga pra ir trabalhar porque ia pegar trem lotado?
Quantas vezes você já ouviu que era melhor contratar uma locutora porque daria mais credibilidade ao filme?
Quantas vezes a taxista já pediu seu telefone e já se ofereceu indiscriminadamente  pra subir no seu apartamento?
Quantas vezes vc já fingiu mexer no celular porque um mina "nada haver" resolveu te cantar na fila do supermercado do nada?
Quantas vezes já disseram que você merece ganhar menos sua carreira inteira porque quer ter filhos?
Quantas vezes você foi chamado de "delicioso, gostoso, tesão" ao passar na frente da obra?
Quantas vezes vc já deixou de sair de casa sozinho por ter medo de ser estuprado? 
Quantas vezes uma desconhecida já pegou no seu saco no transporte público como se fosse a coisa mais normal do mundo?
E sua bunda, já encostaram nela sem permissão? 

12 abril 2016

Carta a eles

Ilustração de Mariana Fakih
 Deixa eu te explicar uma coisa, meu amor. Não é porque sou bonita que sou burra. Porque sou gorda que não transo, porque sou gostosa que sou fútil. 
  A minha TPM não me torna mais louca que você, e se eu choro mais é porque a sociedade me permite, porque alivia e acalma; talvez você devesse tentar, sem culpa, sem medo ou vergonha. 
 Sinto muito se aprendi a dirigir, se trabalho numa multinacional, se gosto de usar decote e saia curta. Mas não é por isso que minhas pernas de fora te dão o direito de me chamar de tesão, de gostosa, de gatinha, isso não é legal, não te torna mais homem, entenda de uma vez.
  Eu falo palavrões quando desejo, chego em casa a hora que quero e escolhi fazer engenharia, medicina, direito, teatro, moda e nada disso é da sua conta. Eu não sou sua, não lhe pertenço, nem a você nem a ninguém. 
  De repente, se ganho equivalente ou até mais do que você - e se você se sente envergonhado ou intimidado - devo dizer que deveria sentir que isso é normal. Até mesmo porque é preciso ser muito macho pra aceitar que você e eu devemos ter os mesmos direitos, as mesmas oportunidades, simples assim. 
E se hoje posso te escrever abertamente é porque me foi permitido o estudo, o voto, a liberdade, a palavra, a independência. Hoje posso escolher ser o que desejo, partir pra onde quero, escolher por mim mesma. E apesar do tom pesado, quero que seja leve, que nos demos as mãos e que você me (nos) acompanhe.
  Liberte-se também e chore e fragilize-se e permita-se. Siga melhor e quebre as supostas regras daquilo que é ser um homem à moda antiga.

20 março 2014

Tempo de Mulher

Com o tempo a gente se perde, esquece que chorar faz bem, que a vida se vive por um fio, que não adianta bater a todo o momento de frente com o mundo. 
O tempo nos descasca, descama, desima, desarma, desmonta, desmancha.
Mas que tempo não cura, diga você?
Afinal, que te fez levantar da cama com essa cara de ontem e não lavar bem os olhos?

Que mal te fez guardar essa ramela ao redor das suas olheiras e infiar-se nesse uniforme pra ir estudar?
Com o tempo a gente se ajusta. Passa delineador, descobre o batom vermelho, descobre também que tem que trabalhar. 

Descobre porque nasce já no mundo do trabalho, percebe que é só o trabalho quem te trás independência. 
Mas em tempo eu digo. Independência é felicidade? Não importa. Afinal, independência é escolha, é livre arbítrio, é a saborosa dor de escolher.

Se viemos da costela de adão, da macaca, da bactéria, do sopro, da argila, não me importa. Se viemos das chamas, do pó, das nuvens, não sei. 

Importa que o tempo, esse sim nos permitiu não aceitarmos os maridos, os pais, os chefes. O tempo nos permitiu passar batom sem sermos chamada de puta, delinearmos os olhos quando temos vontade, usarmos salto alto enquanto permitirem os joelhos. E o tempo também nos permitiu a recusa.

Mas não nos enganemos, afinal qual recusa é fácil? Qual mudança é simples? Qual mundo é perfeito? 
Hoje, bem ou mal há escolhas, basta fortalecê-las e não deixar o tempo as engula novamente.

E eu, eu hoje removi as ramelas, passei delineador e no tom inexistente do meu batom pus uma calça comprida e fui trabalhar.  

22 abril 2013

Pequenos Machismos

Assim como quase todas (os) nós sou cheia dos pequenos machismos (que ficam pra outro post) mas fico CHOCADA com os comentários de algumas reportagens que leio na internet. 
E vou citar um exemplo abaixo, sem muitas análises, apenas porque preciso compartilhar esta opinião.

E por isso pego como exemplo um caso bem atual. Vou falar da Suzana Vieira (70) e seu novo casamento com o Sandro Pedroso (29). 
Todo mundo sabe que a Suzana é idosa (pois é a partir dos 60 é idoso) e Sandrinho é um galã gostosão. Abaixo seguem dois comentários que extraí da notícia sobre o casamento deles. 


João da Silva: "ESSA IMBECIL merece mesmo pegar esses idiotas loucos para aprecer e arrumar uma boquinha na Globo....ela não aprendeu com aquele drogado que ela susentou por um tempo. Ela é idiota, ridícula e arrogante. ATRASADA É ELA COM A ARROGÃNCIA QUE LHE TOMA TODA A VIDA. Esse retardado que aceitou essa palhaçada não é macho....É CAPACHO !!!! 
APOSENTA COROA, VOCÊ JÁ ENCHEU O SACO POR MUITO TEMPO !!!"



Joana da Silva: "Essa SENHORA é a pessoa mais ridícula que eu já vi na minha vida... tem gente que ADORA fazer papel de IDIOTA... não só nas novelas mas também na vida real. ACORDA VÉÉÉÉIAAAA!!! SE ENXERGA!!!"


Agora vamos analisar os comentários de outro caso menos recente. O casamento entre nosso Vice-presidente da República, Michel Temer (72) e a modelo e vice primeira dama Marcela Temer (32). Atentemos para a diferença etária bastante semelhante a da Atriz global e seu companheiro. Acompanhemos os cometários da notícia:

João da Silva filho: "Minha dúvida Marcela, é: Se o Michel Temer, fosse aposentado do INSS ,ganhando um salário mínimo, voc teria casado com esse ancião? ou voce casou com a conta bancária dele? minha pergunta já foi respondida na última frase.!! HO,! CIOTADO.!!!! 


João da Silva neto:"Imaginem também...
Se o Ronaldinho fenômeno, o gaúcho, o Romário, o Pelé, e etc. etc. etc... Fossem serventes de pedreiro ou trabalhassem como borracheiros."


O que me choca é que ambos os casos parecem iguais: o mais novo está interessado no dinheiro/status que o mais velho pode lhe oferecer. Por sua vez o mais velho está interessado na beleza e juventude do mais novo.
Se  há ou não amor ou ele virá, não me cabe julgar. Mas, tirando-os como exemplo de muitos, pressupõe-se que é uma relação por interesse.
Então, porque nos dois casos a "vagabunda que não se dá ao respeito" é a mulher. Ainda que o cidadão do primeiro comentário deu uma chingadinha no Sandro, mas sobrou mesmo foi pra Suzana.... 
De verdade não entendo. Ora, pra mim me parece uma troca. Cada um ganha de um lado. Se é certo ou errado, isso é critério, é pessoal.Cada um com seus valores, e que sejam felizes.