
Suas cartas seguiam para longe, para os parentes próximos que ele nunca mais vira. Buscava por notícias de crianças que ele conhecera somente por uma ou duas fotografias e de parentes que ele dera um abraço de adeus. Aquele contato distante lhe lembrava as noites de polka intermináveis, as mulheres com quem dançara, a carne de porco ao pé da lareira.
Andres fora mais um levado para longe de casa e pensara também em atravessar o Atlântico uma ou duas vezes pera se exilar junto aos outros. Nunca teve coragem. Fez sua vida de exílio com os estrangeiros de Hattersheim e montou sua casa na rua Siegfriedring. Contudo não se permitiu a distância e escreveu cartas para aqueles que escolheram a vida bem mais longe de casa.
Nelas falava sobre a vida, os prazeres, mas nunca sobre a pátria. A Iugoslávia era assunto proibido, assim como pais e filhos que se separaram ou corpos que nunca foram encontrados sob os escombros. Falavam apenas sobre os amigos, os casamentos, os que nasceram.
Andres escreveu por todos os anos e datas, escreveu até quando a mão pôde segurar a caneta, escreveu enquanto as feridas do silêncio pudessem ser omitidas. Um dia Andres sentiu que não poderia mais não falar da fuga, do medo e da angústia e decidiu não escrever mais. Mergulhou só nas correntezas Rio Meno, colocando um ponto final em seu próprio destino.