20 dezembro 2011

O acerto de contas

"A violência é tão fascinante, e nossas vidas são tão normais, você passa dia e noite e sempre vê, apartamentos acesos"  Renato Russo

Um, dois , três, quatro, cinco disparos. Os estrondos secos perfuraram a noite de verão, onde sorrisos e semblantes cansados se perdiam entre cerveja, pizza e horas de trabalho. 
O ônibus fez a curva, o homem correu, e antes que parasse no ponto arrematarem-lhe mais três projetis na cabeça. Os passageiros deitaram-se no chão e num sopro de segundo as respirações estavam mais fortes, os olhos arregalados, as vozes em silêncio e consolo. 
Os celulares ligavam desesperados enquanto o sangue ainda quente escorria pelo asfalto. Uma vida que se esvaiu num acerto de contas, espalhando sua dívida a quem passou, ouviu, observou. 
Num instante a conversa dá lugar ao grito, os corpos abaixam-se acuados. 
Definha o corpo no asfalto enquanto as vítimas fogem e escondem-se acuadas e tementes, sabendo que hoje ainda não foi seu último suspiro, mas que o amanhã, incerto, não lhes pertence. 


19/12/2011 - Por volta das 21h55min

Ainda não achei nenhum notícia sobre o ocorrido na imprensa.  


http://www.youtube.com/watch?v=CbjLS0ZuVm4