Nossa relação, veja bem, saiu dos eixos. Não lembro quando, como, mas lembro o porquê. Lembro que a gente discutia sobre a marca do café, sobre a cor das nossas camisetas.
Mas a gente também foi muito feliz por um tempo, teve um filho, que cada um queria pôr numa escola, ensinar uma coisa. E esse filho é tão meigo, tão bom, tão nosso, que as vezes me faz olhar de novo pra você e pensar: será que a gente juntos ainda vai dar certo? Será que se a gente se juntar de novo nosso filho vai ser mais forte, mais feliz, mais brilhante?
Aí meu bem, aí eu lembro que o café de cevada que você gostava era ruim pro meu paladar, que meu jeito de bater um bolo não te agradava, que seu tempero pro almoço, que pra você estava uma delícia, me amargava a goela.
Mas a gente era um bom casal, era o que todos diziam... e mesmo sabendo que juntos éramos promissores, que um dia fomos felizes, eu me acordo desse sonho todos os dias para lembrar porque a gente se separou; e fico sempre me martelando, me dizendo, pra não correr o risco de dar voltar contigo e novamente dar um passo atrás.