10 junho 2015

Renata

Grafite por: Nina Pandolfo e Finók
Renata é reservada e bonita e sonhadora e não tem muitos amigos; por isso quando encontra alguém disposto a conversar, conversa. Conversa muito com o dono da loja de envelopes, com a atendente do mercadinho próximo a ela, com o cobrador do ônibus que costuma se o mesmo na hora que ela pega. 
E Renata sonha com o dia em que conversará sobre seu coração, sobre seus medos, dividirá seus sonhos. Afinal, ela é talentosa, mas guarda todo o seu talento escondido numa grande caixa de veludo no fundo de seu armário. Lá, também guarda papeis antigos, mensagens importantes, suspiros por amores que nunca viveu. 
Talvez se eu penteasse melhor esse cabelo, pensa consigo, talvez se eu tivesse alguns quilos a menos, se meus olhos azuis fossem mais azulados... talvez...
Mas na verdade, Renata re-vive num mundo de amores tão seus, que não consegue partilha-los, re-vê-se numa angústia tão solitária que não consegue enxergar a si, vive revivendo tão em silêncio que conversa comigo, contigo, conosco, com quem estiver disposto a conversar.