Eu não me importo em pagar um real por uma coxinha meia boca e ruim no centrão. É barata, vem com pouco frango e muito óleo, mas é um real.
Justa.
Eu não me importo em pagar 3,50 numa coxinha boa, bem recheada e saborosa. Justa.
Mas me importo em pagar 6,50 numa coxinha pequena só porque é do boteco "da moda". E porque todos os botecos no entorno do boteco da moda decidiram assim fazê-lo. E porque, então, todos resolvem aumentar o preço da coxinha.
Não me importo em pagar 3 reais pra pegar o metrô as 11h, quando vou sentadinha lendo meu livro ou dormindo.
Mas me importo em pagar 3 reais quando sou saculeja, enfiada e cuspida pra dentro dos vagões (vagões mesmo, não carros). Até a soja viaja mais confortável que eu.
Me importo em pagar mais de quatro reais num ônibus que dá mihões de voltas para cumprir um trajeto e ainda só sai de 40 em 40 min, sempre lotado.
Mas também não acho justo a passagem mais cara só porque o ônibus e mais confortável (como deveriam ser todos os ônibus) ou porque o metrô é sinônimo de coisa fina, que funciona na Europa e no caraleo-a-cuatro.
A tarifa, é somente mais um desses abusos diários que a gente vive e normalmente aceita. Mudar começa na coxinha, no consumo. Mas mesmo assim não tenho certeza alguma da mudança, dada a maneira como é sempre impossível conversar.