13 junho 2013

Entre coxinhas e tarifas

Respeito é pagar o preço justo pelas coisas. Pagamos caro em tudo, pela menor qualidade. 
Eu não me importo em pagar um real por uma coxinha meia boca e ruim no centrão. É barata, vem com pouco frango e muito óleo, mas é um real. 
Justa.
Eu não me importo em pagar 3,50 numa coxinha boa, bem recheada e saborosa. Justa.
Mas me importo em pagar 6,50 numa coxinha pequena só porque é do boteco "da moda". E porque todos os botecos no entorno do boteco da moda decidiram assim fazê-lo. E porque, então, todos resolvem aumentar o preço da coxinha.

Não me importo em pagar 3 reais pra pegar o metrô as 11h, quando vou sentadinha lendo meu livro ou dormindo. 
Mas me importo em pagar 3 reais quando sou saculeja, enfiada e cuspida pra dentro dos vagões (vagões mesmo, não carros). Até a soja viaja mais confortável que eu.
Me importo em pagar mais de quatro reais num ônibus que dá mihões de voltas para cumprir um trajeto e ainda só sai de 40 em 40 min, sempre lotado. 
Mas também não acho justo a passagem mais cara só porque o ônibus e mais confortável (como deveriam ser todos os ônibus) ou porque o metrô é sinônimo de coisa fina, que funciona na Europa e no caraleo-a-cuatro.


A tarifa, é somente mais um desses abusos diários que a gente vive e normalmente aceita. Mudar começa na coxinha, no consumo. Mas mesmo assim não tenho certeza alguma da mudança, dada a maneira como é sempre impossível conversar.

09 junho 2013

Desejo

   Eu gosto do seu abraço dengoso, do beijo lento que me preenche a alma, da tua mão suave que percorre minha nuca. 
Mas gosto, perceba, do meu cabelo puxado, de uma revoltosa agarrada, de sexo bem feito. 
   Difícil, neste mundo de princesas ou bandidas, se equilibrar. Difícil pra você, talvez, ler o gosto do meu desejo, a vontade do meu "pecado".
   Eu gosto do seu beijo lento mas preciso da tua boca ardente, ou me apago. Preciso do seu corpo quente, ou congelo, desfaço.