Histórias de Duende
Mariana acordou assustada com o vulto em seu quarto. Estava certa que de que havia ouvido uma voz grave falando ao seu ovido. Acendeu a luz, e segurando o medo pela boca, olhou por debaixo da cama.
Sabia, lá estava ele, os olhos vermelhos, a pela crespa e esverdeada, as mãozinhas de quatro dedos. Mariana deu um pulo para trás e um grito, pegou uma vassoura e preparada para atacar olhou novamente por debaixo da cama.
O Pequeno duende implorou piedade, e dos olhos vermelhos saíam lágrimas tão azuis quanto o céu da noite. Aos poucos as mãos de Mariana baixaram e o duende, percebendo a caridade, se apresento, ainda tremendo de medo.
- Zuricate.
- Mariana.
Aos poucos o medo deu lugar a uma conversa tranquila e Zuricate contou que escapara do seu mundo pelo portal do sol. Queria apenas ter dado uma passeio pela terra, que diziam ser uma planeta tão verdinho e cheio d'água, mas perdeu-se junto aos prédios e às casas cinzas. Não sabia voltar, não sabia nem onde estava.
Mariana ouviu também que no mundo dos duendes o sol se punha somente quando a brincadeira perdia a graça, ouviu que o céu brilhava e que as núvens de algodão doce podiam estar ao alcance das mãos.
A conversa se seguiu pela noite, e quando o assunto se perdeu, Zuricate pediu ajuda a Mariana, pois ele não sabia mais o caminho de casa. Mariana ficou confusa, disse que estava tarde, mas os olhos vermelhos do duende a convenceram, principalmente quando ele disse que o portal se fecharia assim que o sol humano nascesse.
Mariana decidiu-se, pulou a janela de mãos dadas com Zuricate. Juntos correram pela noite, reviraram a cidade, tiveram medo, aflição, caminharam até que as pernas se cansassem, mas o portal do sol ficara invisível atrás dos prédios cinzas. Mariana teve uma ideia. Subiu esperançosa até o andar mais alto de um prédio mais vistoso mas ao invés do portal deparou-se com os primeiros raios de sol que brotavam no horizonte. Zuricate teve medo, segurou firme a mão de Mariana e vendo-se sem saída fez brotar de seus olhos lágrimas cristalinas.
Os raios de sol iluminaram todo e céu, cortando-o tão rápido quanto um vulcão que explode. O azul da manhã tornou-se vermelho, depois amarelho e branco. Mariana apertou a mão de Zuricate tão forte quanto pôde e de repente um clarão lhe encobriu a vista.
Mariana acordou assustada com um vulto em seu quarto. Estava certa que de que havia ouvido uma voz suave falando ao seu ouvido. Acendeu a luz, e segurando a aflição pela boca, olhou por debaixo da cama. Sabia, lá estava ele, os olhos vermelhos, a pela macia e esverdeada, as mãozinhas imóveis de apenas quatro dedos. Mariana sorriu, aproximou-se, pegou o boneco pelas mãos e ainda pôde ouvir Zuricate agradecê-la suavemente ao pé do ouvido.