09 abril 2013

Juliana

Juliana tirou a blusa e tocou levemente os próprios seios. Achou-os, murchos e sem graça. Pegou o celular e começou a tirar fotos de si mesma de fronte ao espelho, afim de encontrar um ângulo que lhe agradasse. Mas percebeu que não havia retrato cuja pele se mostrasse  lisa o suficiente.  
Prendeu uma flor nos cabelos crespos, mas ela não deslisou, não ornou, não lhe caiu bem. 
Afinal, porque nascera com os seios pequenos, o cabelo crespo, a voz tão aguda que lhe desagradava? 
Juliana, cujos olhos amendoados nunca saíam bem nas fotos, cuja boca rubra sempre permanecia apagada, cujos cabelos crespos, lisos, claros ou escuros nunca lhe seriam suficientes.