15 abril 2012

Os problemas,


os problemas, a gente precisa resolver. Um amor desencantado, uma briga mal resolvida, um infortúnio. 
Les problèmes attendent , dizem os franceses. E esperam mesmo, esperam a vida toda e não há fuga que os faça fugir. 
Mas ainda assim Márcio o fez. Ele fugiu e ainda foge a cada silêncio, a cada resposta não dita, a cada agressividade. Foge atando-se ao vazio e às insanidades. 
Isso porque a fuga é assim, anda de mãos dadas conosco num arco-íris de fumaça e fogo. 
Só que não adianta fugir de mim, diz o problema ao pé do ouvido, eu sempre serei sua sombra, sua memória, seu remorso. 
Mas Márcio, Márcio batia os pés em silêncio, enrijecia as mãos, recorria às lembranças mal talhadas. 
Afinal, quanto mais se espera pela solução, mais cresce o problema, mais intenso fica, mais obscuro, mais abstrato.
Talvez Márcio se sentisse só, encarcerado em seu passado e pisoteando o presente. Talvez precisasse apenas abrir os olhos e enxergar o futuro. É, talvez precisasse ser assim, enfrentar de vez e deixar o passado finalmente ir, e ir, e ir, e ir, e ir. Assim, quem sabe poderia livrar-se de toda a mágoa, de todo o mal. E ser livre, finalmente livre.

12/4/2012