23 outubro 2014

Xenofobia

Hoje o nordestino que volta pro Nordeste. Volta porque pode, porque dá.

Surpreende a mim, de verdade, esse monte de paulistas, filhos de italianos, espanhóis, alemães, japoneses, cujos avós, assim como os meus, fugiram desesperados da fome e da guerra na Europa tentando a sorte aqui no Brasil. 

Surpreende porque seus ancestrais vieram em busca de esperança, de trabalho, assim como os nordestinos o fazem, assim como outra parte dos meus avós fizeram. 

E assim como alguns imigrantes puderam, agora os nordestinos voltam. Voltam porque também há trabalho por lá, porque há esperança. 
Finalmente matam a saudade que sempre esteve no peito, no sotaque, na canção. Matam-na como não pôde matar D. Paquita, vizinha minha que mesmo após 70 anos de São Paulo nunca perdeu o espanhol carregado nas palavras.
Afinal, mudar é bom, faz bem, mas é bom mesmo é quando a gente deixa a nossa terra porque quer, quando a gente pode decidir se vai pra Manaus ou pra Miami porque o dinheiro dá, porque a gente deseja. Porém, quando é o medo, a sede e a violência quem determinam a partida, meu amigo, tenho certeza que você se mudaria também. 



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