Tic-tac, tic-tac, tic-tac. Depois de uma incrível sucessão deles o celular despertou ao som infernal de sua música favorita, capaz de destroçar qualquer sonho.
- Só mais cinco minutos - Murmurou Xavier. Sabia que não lhe restava mais um segundo sequer, entretanto o sono acolheu-o maternalmente naquela fria manhã.
De repente, o susto.
- Ih, merda! - Passara dos cinco minutos, dos dez inclusive. Saltou da cama já tirando a camisa e procurando os sapatos. Tomou café andando, preparando a pasta na escova e o creme de barbear. Vestindo o paletó trancou a porta, dirigiu mais loucamente que de costume rumo ao trabalho.
Chegou na empresa irritado, odiava ir para lá todo o dia, odiava acordar cedo. Também não suportava o terno e a gravata enforcava-lhe. Pelo menos pagam bem, pensava nos mementos de aperto.
Espremeu um sorriso da alma para distribuir alguns "bom dia" no caminho até seu setor. Caminhou automaticamente até a nona porta à esquerda do quinto corredor, como por três anos faz sistematicamente.
Em sua sala não encontrou alívio ou conforto, mas uma pilha de papéis sobre a mesa. Trabalho, trabalho e trabalho. Desde a faculdade nunca mais lera algo não técnico. Almoçou papeladas regadas a problemas.
Mas nem tudo era ruim como parecia, Xavier adorava, de vez em quando, passear pelos corredores. As portas, equipadas com uma simpática janelinha de vidro lhe permitiam flagrar dedos no nariz ou decotes escolhidos a dedo. Pena os passeios serem tão curtos, já que relatórios por fazer esperavam-no na mesa e as desculpas para essas voltinhas precisavam sempre ser economizadas para momentos de maior necessidade.
Horas a fio de trabalho: As mesmas palavras para diferentes problemas, quinhentas burocracias para um procedimento simples. Papel timbrado, carimbo, assinaturas, passos a serem seguidos e repetidos. Foi para isso que Xavier estudou, é por isso que ele vive bem; seu carro, seu apartamento, suas extravagâncias comuns.
Passos a serem seguidos, leituras automáticas, arquivos, arquivos, arquivos. Sem perceber Xavier frustrou a alma para satisfazer o corpo. Sabia informações como todos, desejava as mesmas mulheres que seus amigos, gostava dos mesmos filmes que os outros.
Tic-tac, tic-tac, tic-tac. Era incrível como esse som infernal demorava mais a passar no final da tarde.
- Eu cheguei atrasado, preciso compensar - Diziam as engrenagens de seu cérebro.
Tic-tac, tic-tac, tic-tac. Xavier roeu as unhas, Pensou em pular pela janela, mas a sala era climatizada. Hesitou uma vez, mas jogou longe o relógio. Viu-se preso, nunca antes percebera-se enclausurado. Forçou a porta sem necessidade, olhou para os lados procurando alguém que o observasse. O corredor pareceu mais longo e casa passo apressado parecia deixá-lo mais longe da saída.
Xavier correu, correu e correu, chegou ao lado de fora ofegante arrancando o que o enforcava e provocando olhares espantados. Inspirou o ar descondicionado e poluído com uma alegria inexplicável, tirou o terno, jogou-o no chão, deixou o vento de inverno gelar seu rosto.
- Xavier? Tá tudo bem com você? - A pergunta veio da funcionária do setor 43, com decote escolhido a dedo. Xavier olhou os peitos dela com gosto, mas imediatamente sentiu-se desconcertado. Recolheu o terno, procurou vestir a gravata. Saiu sorrateiro e em silêncio, sentindo-se um idiota.
- Onde eu estava com a cabeça? - Martirizava-se. - O que foi aquilo?
Foi direto para o estacionamento e antes de dar partida no carro, certificou-se sobre sua aparência, ainda inconformado com o que acabara de fazer.
Chegou em casa em silêncio, foi do banho direto para a cama.
- Idiota! - Repetiu incansavelmente - Idiota!
Tic-tac, tic-tac, tic-tac. Depois de uma incrível sucessão deles o celular disparou ao som infernal de sua música favorita. Desta vez Xavier não hesitou, levantou-se sistematicamente como sempre fizera por todos os dias.
Espremeu um sorriso da alma para distribuir alguns "bom dia" no caminho até seu setor. Caminhou automaticamente até a nona porta à esquerda do quinto corredor, como por três anos faz sistematicamente.
Em sua sala não encontrou alívio ou conforto, mas uma pilha de papéis sobre a mesa. Trabalho, trabalho e trabalho. Desde a faculdade nunca mais lera algo não técnico. Almoçou papeladas regadas a problemas.
Mas nem tudo era ruim como parecia, Xavier adorava, de vez em quando, passear pelos corredores. As portas, equipadas com uma simpática janelinha de vidro lhe permitiam flagrar dedos no nariz ou decotes escolhidos a dedo. Pena os passeios serem tão curtos, já que relatórios por fazer esperavam-no na mesa e as desculpas para essas voltinhas precisavam sempre ser economizadas para momentos de maior necessidade.
Horas a fio de trabalho: As mesmas palavras para diferentes problemas, quinhentas burocracias para um procedimento simples. Papel timbrado, carimbo, assinaturas, passos a serem seguidos e repetidos. Foi para isso que Xavier estudou, é por isso que ele vive bem; seu carro, seu apartamento, suas extravagâncias comuns.
Passos a serem seguidos, leituras automáticas, arquivos, arquivos, arquivos. Sem perceber Xavier frustrou a alma para satisfazer o corpo. Sabia informações como todos, desejava as mesmas mulheres que seus amigos, gostava dos mesmos filmes que os outros.
Tic-tac, tic-tac, tic-tac. Era incrível como esse som infernal demorava mais a passar no final da tarde.
- Eu cheguei atrasado, preciso compensar - Diziam as engrenagens de seu cérebro.
Tic-tac, tic-tac, tic-tac. Xavier roeu as unhas, Pensou em pular pela janela, mas a sala era climatizada. Hesitou uma vez, mas jogou longe o relógio. Viu-se preso, nunca antes percebera-se enclausurado. Forçou a porta sem necessidade, olhou para os lados procurando alguém que o observasse. O corredor pareceu mais longo e casa passo apressado parecia deixá-lo mais longe da saída.
Xavier correu, correu e correu, chegou ao lado de fora ofegante arrancando o que o enforcava e provocando olhares espantados. Inspirou o ar descondicionado e poluído com uma alegria inexplicável, tirou o terno, jogou-o no chão, deixou o vento de inverno gelar seu rosto.
- Xavier? Tá tudo bem com você? - A pergunta veio da funcionária do setor 43, com decote escolhido a dedo. Xavier olhou os peitos dela com gosto, mas imediatamente sentiu-se desconcertado. Recolheu o terno, procurou vestir a gravata. Saiu sorrateiro e em silêncio, sentindo-se um idiota.
- Onde eu estava com a cabeça? - Martirizava-se. - O que foi aquilo?
Foi direto para o estacionamento e antes de dar partida no carro, certificou-se sobre sua aparência, ainda inconformado com o que acabara de fazer.
Chegou em casa em silêncio, foi do banho direto para a cama.
- Idiota! - Repetiu incansavelmente - Idiota!
Tic-tac, tic-tac, tic-tac. Depois de uma incrível sucessão deles o celular disparou ao som infernal de sua música favorita. Desta vez Xavier não hesitou, levantou-se sistematicamente como sempre fizera por todos os dias.