"Senhor Deus dos desgraçados
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus..."
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus..."
Diga-me, deus nosso, era esta a imagem que procuravas? Era esta a salvação que teu nome pregava? Nasceu mesmo este homem apenas para viver após a morte em teu reino?
"E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais..."
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais..."
Prega-se o medo, buscam-se corpos, além do azar, do fim. Embebidos pela musa divina vão-se antigos amigos, tampam-se os olhos, vedam-se ouvidos. Tocam-nos sempre na fraqueza certa em sua generosidade pseudo honesta.
"Mas que vejo eu ali... que quadro de amarguras!
Que canto funeral!... Que tétricas figuras!...
Que cena infame e vil!... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!"
Que canto funeral!... Que tétricas figuras!...
Que cena infame e vil!... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!"
Mãos atadas em sorrisos prontos. Estão-se presos por vontade? Mentes lacradas, a loucura enrustida sob almas aflitas. Às vezes contam-lhes mentiras, mas a fé pode torná-las verdades em esboço. Só responsa-me, deus meus, era assim que idealizaras?
"Um de raiva delira, outro enlouquece...
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!"
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!"
As vozes se perdem juntas, suplicam por salvação em transe.
"Ai! Quanto infeliz que cede,
E cai p’ra não mais s’erguer!..."
"Ai! Quanto infeliz que cede,
E cai p’ra não mais s’erguer!..."
Nada há ali, apenas paredes e pessoas. Brilha a peste reluzente, transforma ouro em salvação. Espatifam-se os sonhos coerentes, queimam-se as antigas letras ingratas da maldição.
"Fatalidade atroz que a mente esmaga"
Agora são máquinas repetidoras, apenas e nada mais. Frutos da ganância, meras figuras insanas e fanáticas. Livre arbítrio controlado, respeito à cultura alheia confiscado. Doam a alma a quem porta o verbo, que as compra e vende a cada dia.
"Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!..."
E ri-se Satanás!..."
Que deus é esse dito homem que carrega a verdade absoluta? Que deus é esse que afoga-lhes as mágoas em frases sem sentido? Quem é ? Quem pensa ser, afinal?
"Deus não está em grandes casas de madeira. Lasque uma pedra Eu estarei lá, feche seus olhos e irá encontrar-me..."
(Documento declarado como heresia)