25 novembro 2013

A primeira vez

Te vejo arqueada, perceba, e te observo como quem olha o olhar alheio. Te tenho vontade e te engulo, estática, enquanto desfrutas daquele martini seco.
 
Foi assim que te conquistei, te pondo mais bebida no copo e te tecendo, aquecendo pelos seios abaixo. E com esta mesma ternura, te traí, sem a menor compostura descabida.
Não doeu, nem sequer fez cócegas, foi o que senti quando a tinha, a outra, sob minhas mãos geladas e sedentas. Eu a peguei no colo, a arrastei na noite, e juntos fomos capazes daquilo quem em 5 anos nunca tivemos, eu e tu. 

E te traí te amando, como nunca amei alguém. Mas o desejo, a carne, a vontade, nada disso pode esperar por mais tempo tempo. Por isso, quando ela me consumiu com gosto, queria te tivesse ali tu. Quando ela me engoliu, me despiu, se abriu, queria que tivesse sido contigo, conosco.
 
Mas não foi, porque tu te viras e te dormes, porque me dizes que tens nojo, porque em ti dói e nela não. 
E assim, deste jeito tolo e inconseqüente lhe ofereci um drinque, e ela tomou. Lhe apertei os seios, e ela topou, lhe cobri de beijos e ela gemeu.

Mas entenda, que queria vê-la assim, tu, arqueada em meus braços, minha. Mas não me deixas. E sob este corpo de carrasco, capanga nefasto, te escondo e te digo, que foi assim, a primeira vez dentre muitas das vezes que te traí.