27 abril 2011

Voyeur

Quentinho, acaba de sair do forno e por isso talvez tenha erros :)


Passei o dia sentado à piscina, como qualquer pessoas sonha em passar todos os dias de sua vida. Dizem que sou assim, pretencioso, e que o dinheiro que tenho esbanjo com futilidades, porque a vida assim me permite. Apenas trabalho o suficiente para olhar a mim mesmo sob o sol, ouvindo o ruído da ågua até que isso me canse.
Deitado, de olhos fechados, mudo de posição, percebo que detrás do vidro alguém me olha discretamente. A princípio sorrio, o ego massageado, mas aos poucos fico apreensivo, incomodado com aqueles olhos vitrais.
Levanto-me, então.Contudo, ao me aproximar do vidro percebo que não há mais ninguém além de mim, e que tavez aqueles olhos fossem fruto de algum reflexo.
Volto a tormar sol, levemente angustiado, e por toto o instante procuro inquieto pelos olhos obervadores. Qualquer barulho me assusta, e até mesmo a água da piscina já me parece turva.
Aproximo-me novamente da porta de vidro, abro, vasculho o pequeno salão de jogos. Ali dentro não há nada além da minha desconfiança. Respiro aliviado, mas ao voltar meu olhar para a a piscina, vejo uma mulher sentada , justamente na cadeira qu eu ocupava, tomando sol. Ela usa óculos escuros, é visivelmente bonita.
Aproximo-me timidamente, cumprimento-a, mas ela não responde. Eu nunca a vira antes no condomínio, o que me deixa intrigado.  Ela permanece imóvel e vejo apenas que por trás das lentes não tão escuras, ela observa algo. Sento-me ao seu lado, presto atenção em seus movimentos, vejo-a, algumas vezes, passar as mãos pelos braços como se sentisse frio. Ela ainda ajusta os óculos no rosto quando esses lhe paressem desconfortáveis.
Tento, num outro momento, lhe falar qualquer coisa. Ela sorri, mas não responde. Decido, portanto, calar-me de uma vez, deixar-me ao silêncio, ouvindo apenas o vai e vem da água na piscina.
Aos poucos o sol vai-se embora. Está escuro e ambos demonstramos frio, encolhidos e sempre calados. Mas continuamos lá, olhando para frente, e só para frente, como dois desconhecidos observadores que somos. 

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