04 novembro 2016

Fastasma


Foto: Bruno Bondarenv 
Fantasma

Você é fantasma, alma penada que me tira o sono e me ronda pela penumbra, permitindo que se tornem as lembranças esperança e dor.
O seu sorriso na foto é de um ser que inexiste, que já foi, que se apagou por si e quer espalhar sua sombra, tenta pelas bordas os outros apagar.
Aos poucos te enxergo sádico em sua perdição, como se lhe desse prazer estar no olho de um furação criado para si, como se te fosse bom ser o coitado que não é, como e te fizesse forte pisotear e ser vítima desse jogo de assombra e esvai.
É esse rastro que virou você, essa não identidade que te paira, este ser maquiado que você se tornou. Essa alma que flutua, incapaz de se olhar no espelho e me olhar nos olhos. E isso me incomoda, me tira o sono.
Afinal, esta escolha sua me faz conviver com o fantasma, alma penada, sinal de desacordo, desandança, desconfiança, desverdades. Estou sempre aflita, a espera dos outros "des". E quantos serão? Quantos mais?

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