Foto por Bruno Bondarenv |
- Oi Rose, eu sou o Daniel, disse o homem sorridente que carregava no colo um menino cujos primeiros dentes ainda nasciam - Daniel, essa é a tia Rose. - Rose levantou os olhos e pelo vidro blindado da cabine sorriu de volta pra Daniel.
- Nossa que lindo, mais bonito do que você fala. Pena eu não poder sair pra pegar no colo.... - Daniel riu de volta, gostou de Rose. - E ai, conseguiu aquele emprego?
O pai de Daniel sorriu largo em esposta.
- Acabei de fazer o exame lá, aquele que faz quando contratam. Levei o Daniel comigo, pro pessoal da firma já conhecer. Esse menino me dá sorte! Dai vim pra cá te apresentar ele, que você merecia conhecer.
Rose sorriu em resposta, enquanto cobrava o bilhete do próximo passageiro.
- Obrigado, viu Rose - seguiu dizendo o homem - agora não vou mais precisar dos bilhetes, sou pai de família de verdade, sou trabalhador.
O homem discursava, naquela alegria de quem nem percebe que discursa. Enquanto isso Rose fez uma brincadeira a mais com Daniel pelo vidro e despediram-se.
Eu, observadora, era a próxima da fila e aguardei o que foi preciso para que a despedida fosse calorosa, ainda que embarreirada pela cabine. Daniel foi embora olhando para Rose. Rose seguiu o olhar de Daniel até que fugisse da vista. Daí chegou minha vez; comprei meu bilhete e entrei na plataforma pensando neste causo, escrito antes mesmo do trem partir.
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