08 agosto 2014

Apagar

Ela, assim como eu, nunca gostou da casa escura. Sempre havia o sol, uma luminária, um brilho, uma bobagem.
Costumava também gostar de moda, da costura fina, do convívio, das amizades. 
Ela, assim como eu, um dia fora bela, um dia fora jovem, um dia fora crível.
Mas hoje,  assim como eu, é como as luzes da sala apagada, cujo rosto iluminado pela televisão se lamenta do tempo que se foi. 
As lembranças se embaralham, a memória se desmembra e ela, assim como eu, envelheceu, enrugueceu e assim, sem a luz do sol, se desfaz, apagando-se com a luz da televisão. 
 

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