10 abril 2014

Sociedade

Joguei, joguei mesmo na tua cara o meu sucesso, não me importo.
Ele me disse sem dizer. Estava nos seus olhos tão verdes e calmos quanto o mar de Alagoas. 
O nome disso é mágoa, mágoa de sócios tão antigos que se engoliram depois de 10 anos de sucesso e 7 de amargura. 
Filho da puta, eu penso sempre que o vejo chegar naquele carro importado. Certo que é alienado, como o meu. Era pra ter sido diferente, era pra gente ser grande, maior imbatível. 
Dessa última vez a briga tinha sido feia, eu quase dei um soco na cara dele. A mão coçou, fechou, eu me contive, respirei fundo e coloquei aqueles anos todos na frente do meu ódio. 
- Você me roubou, seu bosta! - Eu disse. Ele não respondeu que sim, nem que não, nem sorriu. Apenas disse pra eu crescer, que desse jeito não dava mais, que estava acabado. 
Sócios, vinte anos de sociedade, de faculdade, de sonhos, tudo ao vento. Aquele cara acabou comigo, me pois no chão, disse as verdades engolidas por anos.


Desgraçado tava certo, sempre certo. Fui eu quem perdeu o trem, quem gastou a grana toda e não pensou sequer que poderia por um fio dar errado. 

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