- Apresento-lhes a mulher mais encantadora do mundo! - O Mágico transpassou a capa pelo vazio ao seu lado, mas sob o soar dos tambores nada apareceu.
- Não deixem que seus olhos os enganem, senhores, pois o encanto está no sentir - disse passando as mãos pelas coxas femininas que ninguém era capaz de enxergar.
- O sentir - continuou - este sim é que mais importa. – Num movimento solene o mágico abocanhou a coxa, após deslizar mais uma vez os dedos sobre ela. Levantou o rosto vagarosamente em direção a platéia, buscando os olhares desconfiados de todos. Por seus lábios, antes pálidos, agora escorria sangue e devagar ele mastigava um pedaço da carne.
- A mulher encantadora precisa de cicatrizes - disse a voz reverberante – mesmo que ninguém possa enxergá-las - O público arregalou os olhos, mas mostrou-se visivelmente desacreditado do poder daquele homem. Era apenas um truque qualquer, diziam os burburinhos. O Mágico não se deixou abater, e pelas mãos fez sugir uma navalha diante do público agora atento. Aproximou-se do pescoço imaginário, cortando-lhe uma pequena fatia. Escorria sangue no ar e a platéia aos poucos delirava ao ver as mãos mágicas manchadas daquele líquido escarlate.
Encantador? Não? - Disse pausadamente encarando cada um que o assistia - Encantador...
Aos poucos as pessoas tornavam-se serpentes seguidoras de uma de uma flauta, os olhos vidrados em cada gesto do Mágico.
- Quero ver o rosto encantado - Pediu uma voz da platéia. - Quero vê-la!
O Mágico pausadamente lambeu o sangue das mãos,
- Não deixem que seus olhos os enganem, senhores, pois o encanto está no sentir - disse passando as mãos pelas coxas femininas que ninguém era capaz de enxergar.
- O sentir - continuou - este sim é que mais importa. – Num movimento solene o mágico abocanhou a coxa, após deslizar mais uma vez os dedos sobre ela. Levantou o rosto vagarosamente em direção a platéia, buscando os olhares desconfiados de todos. Por seus lábios, antes pálidos, agora escorria sangue e devagar ele mastigava um pedaço da carne.
- A mulher encantadora precisa de cicatrizes - disse a voz reverberante – mesmo que ninguém possa enxergá-las - O público arregalou os olhos, mas mostrou-se visivelmente desacreditado do poder daquele homem. Era apenas um truque qualquer, diziam os burburinhos. O Mágico não se deixou abater, e pelas mãos fez sugir uma navalha diante do público agora atento. Aproximou-se do pescoço imaginário, cortando-lhe uma pequena fatia. Escorria sangue no ar e a platéia aos poucos delirava ao ver as mãos mágicas manchadas daquele líquido escarlate.
Encantador? Não? - Disse pausadamente encarando cada um que o assistia - Encantador...
Aos poucos as pessoas tornavam-se serpentes seguidoras de uma de uma flauta, os olhos vidrados em cada gesto do Mágico.
- Quero ver o rosto encantado - Pediu uma voz da platéia. - Quero vê-la!
O Mágico pausadamente lambeu o sangue das mãos,
- Antes mesmo de vê-la é preciso senti-la. – Advertiu.
As mãos dele percorriam um caminho pelo ar. Assim, surgiram os primeiros traços dos olhos femininos levemente puxados. Sua boca rubra apareceu, em seguida e a pele apresentou-se da cor e tonalidade ideal para qualquer visão.
O Mágico percorreu o palco, rodeou-a fazendo seu corpo surgir aos poucos.
- Encantadora você é... - sussurrou o mágico ao ouvido dela, enquanto conduzia seu corpo e os olhos da platéia ao centro do palco.
O Mágico percorreu o palco, rodeou-a fazendo seu corpo surgir aos poucos.
- Encantadora você é... - sussurrou o mágico ao ouvido dela, enquanto conduzia seu corpo e os olhos da platéia ao centro do palco.
Os do público estavam atônitos, incapazes de compreender porque não conseguiam desviarem-se daquela figura serena. Aos poucos o Mágico também parecia encantado, deslizando as mãos incansavelmente pelo rosto feminino.
As luzes, porém, apagaram-se. Apenas um feixe iluminava ambos no palco. O mágico abraçou-a por trás carinhosamente. Com a navalha abriu-lhe o peito delicado e tirou-lhe o coração ainda pulsante diante da platéia agora aterrorizada.
- Não há magia alguma. - disse cortando um pedaço do órgão e guardando em sua cartola. – Assim como não há encanto que dure para sempre.
- Não há magia alguma. - disse cortando um pedaço do órgão e guardando em sua cartola. – Assim como não há encanto que dure para sempre.
Com um olhar sereno o Mágico fitou novamente a platéia, estava desorientado, porém firme. Devagar ele retornou à mulher, deslizou as mãos sobre seu corpo desacordado, repôs o restante do coração no peito. Seus olhos fundos estavam marejados e com a boca seca ele abaixou-se e beijou-a na testa.
Cordialmente, levantou-se reverenciou o público, ajustou a cartola e num ensaiado movimento da capa sumiu, fazendo-se desaparecer.
13/11/2009, sexta feira.
13/11/2009, sexta feira.
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