20 janeiro 2013

O tempo, as escolhas e os caminhos

Angélica abriu os olhos azuis e encontrou um fio de luz que entrava pela vaneziana do quarto. Era um domingo e ela não se lembrava quando fora a última vez que acordara sem o despertador. Talvez por isso tenha ficado algum tempo contemplando aquele feixe bobo de luz que escapava para o teto. 
Há quanto tempo não encontrava um tempo para si? Há quanto tempo não lia um livro sem pressa? Há quanto tempo não fazia nada pelo prazer da preguiça?
Angélica levantou-se, jogou água pelo rosto, sentiu os pés no piso gelado de cerâmica, olhou o celular. Viu que não havia mensagens e percebeu para aquele domingo não tinha nem trabalho, nem festas, nem churrascos. Era um domingo dominical, apenas.  
Angélica sorriu, optou por não ligar a TV, por reservar-se e tomar café sem interferências; afinal, há quanto tempo não ouvia o silêncio? Há quanto tempo não parava? Há quanto tempo não fazia escolhas? Afinal, por quanto tempo mais viveria na inércia?

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