09 julho 2012

O jardim das não verdades


Quando acordou, olhou as azaléias abertas. Algumas brancas, outras rosadas, uma azul. Era azul celeste, royal, marinho.
Mas se não existem azaleias azuis, talvez quase azuis, azuladas, azaleias, que bobagem! Quem pode gostar de uma flor que nasce em julho, em meio ao seco frio da chuva?

Quando acordou, viu seus chinelos sob a cama, seu edredon sobre a mesa, suas palavras sobre si. Acredite, é o mesmo sol que bate em seu rosto, esconde as marcas de batom que sugam o sangue e afloram as lembranças.

Não me pergunte, pois eu não acredito em mentiras, só em não verdades, Sou como ele, acredito em cada palavra que colho com aquelas azaleias azul-azuladas que florescem em todas as manhãs de chuva e sol. Acredite, pois acreditamos em cada não verdade que nos esbarra.

Ikebana, azaleias, orquídeas, vivas-mortas-retorcidas-multiladas. Quem mais precisa de cuidados? Eu, tu, ele, nós?  Mentira? Verdade? Não verdade? 

Que bobagem, dizemos. Apenas nos deixe em paz, nos deixe dormir, deixe. Quando acordarmos choverá, e sob o sol colheremos nossas azaleias azuis.

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