16 junho 2012

Rastros

Quando eu acordei naquela manhã e não vi seu bilhete sobre a mesa, pensei o que estava errado. Talvez você tivesse saído mais cedo e se esquecido, talvez estivesse trabalhando demais, talvez não tivesse lido minha mensagem. 
Bobagem, pensei enquanto colocava o café na xícara, uma bobagem pensar nisso. Amanhã com certeza a gente se encontra e se resolve. 
Cheguei em casa tarde, tudo apagado, um silêncio tão mórbido que fazia meus passos ecoarem no laminado de madeira. Acendi a luz e minha xícara de café ainda estava no mesmo lugar que deixei, assim como as almofadas da sala, a toalha no chão do banheiro, o edredon. Sobre a mesa não havia bilhete, mensagem, sinal. 
Num gesto automático liguei a tevê, e pensativa tirei o celular da bolsa. Valeria a pena ligar, saber onde você estava, por que se fora? Fiquei o tempo que precisei olhando o celular e digitando possíveis mensagens que nunca enviei, até adormecer no sofá. Eu não sonhei, e acordei de manhã assustada com o despertador. Não tinha tomado banho e minhas costas doiam da noite mal dormida. Novamente procurei, mas não vi rastro seu
Estranho pensar que nos dávamos bem, que nossas conversas eram constantes, que você me sorria. Foi tão de repente que perdi o chão e não encontrei. Por isso, com ou sem sinal seu eu apenas me levanto, tomo banho e saio, pensando que nada disso vale a pena e que em algum momento fui tola o suficiente para imaginar que você seria especial. Levanto, erguo os olhos e olho para frente, somente para frente, mas ainda procurando insensata por um rastro ou bilhete qualquer sobre a mesa.  

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