07 novembro 2011

A USP, os estudantes, a polícia e a revolução

Não foi a primeira, nem será a última invasão, até mesmo porque concordando ou não com os estudantes, não de pode negar que eles colocaram a USP em pauta mais uma vez. 

Não sejamos também ingênuos: por mais que o motivo que levou a maioria ao protesto seja o anseio de se drogar numa suposta Zona Livre que é a universidade, sua reivindicação não é totalmente inválida.  

Não é dever da PM patrulhar a universidade, pode parecer estranho, mas não é. Assim como não é dever dela patrulhar a Volkswagen, a padaria da esquina, descer o cacete nas passeatas, cometer abuso de autoridade ou investigar crimes. Investigar crimes? Sim, investigar é dever da polícia civil assim como a segurança da USP é dever de uma guarda específica dentro da própria universidade.

 Não sejamos tolos em acreditar que o estado justo agora se lembrou da USP, que há muito tempo já tem altos índices de furto e violência. Para protegê-la, que coincidência  designou justamente sua polícia de combate, numa zona na qual sua entrada é sempre receosa devido às inquietações políticas.

Não lembra do regime militar? Aquele governo que matou e torturou, responsável pela grande crise brasileira dos anos 80. Governo esse que os estudantes lutaram contra, em prol do sonho romântico do comunismo. Comunismo infelizmente sangrento da União Soviética, que instaurou ditaduras tão sanguinárias quanto a nossa.
  
Não, esses estudante não pretendem fazer revolução socialista, até porque em 2011 isso parece sem sentido. Mas sua segurança não pode ser deixada nas mãos de quem vai reprimir qualquer voz, revistar qualquer corpo. Mesmo que muitos infelizmente estejam apenas preocupados na maconha que vão fumar, quem deve cuidar de si é a própria USP, num esquema montado por ela, cabendo a ela não fazer vista grossa às drogas ou à violência.  

Não sei quem é dessa reitoria, mas garanto que parte dela já estudou, já protestou, já teve medo e já apanhou. Hoje aperta as mãos do modelo de Estado que outrora criticou. Hoje joga na mão dele um dever que é seu: garantir a segurança no Campus. 

Não é fácil, não afirmo que é. Assim como não acho que a universidade deve ser Zona Livre da lei. Contudo não devemos nos esquecer que na política não se dá ponto sem nó e PM na universidade me parece um nó da marinha.  



P.S Não, isso não é um conto. 

2 comentários:

Rodolfo disse...

Muito bom o seu ponto de vista.

Vamos imaginar uma corrente, forte e consistente, se um elo se rompe, toda a corrente é inutilizada.

Pois bem, a corrente USP está com vário elos estourados ou abalados, por exemplo, a insuficiência de segurança na USP que é de responsabilidade da própria USP, como você mesmo disse.

Os alunos que protestam contra a polícia dentro do campus são os que pensam como você, ou são aqueles que agem por interesse próprio, querendo praticar algum ato ilegal e não ser punido?

Concordo com a sua opinião, mas acho uma questão bem complicada e complexa.

Denise_Liv disse...

Eu também acho que a situação é bem delicada, e também acho que quem pratica um ato ilegal deve ser punido.
A questão é quem pune. A presença da polícia ali também não é o correto. É preciso fazer o certo por todos os lados, pois começando do avesso o resultado não pode ser bom ;)

Obrigada pelo comentário.